A chegada naquele lugar deixou meus olhos nervosos com tanto verde e tanta poeira ao mesmo tempo. Ao chegarmos à rua principal de Jenipaúba da Laura, naquela tarde de terça-feira; eu tive a impressão que seria um tanto incomoda nossa presença na calmaria daquela comunidade. Isso se deve, é claro, aos olhares desconfiados dos alunos da escola Graziela Grabriel que queriam fazer qualquer coisa (menos ouvir o professor Kalif falar da importância de cuidarmos do nosso lugar).
Não sei ao certo o que senti na hora, mas acho que chegou perto da insegurança de uma professora iniciante (afinal, professores são bem perseverantes). Pois bem, o convite estava feito.
Partimos para igreja que ficava a cinqüenta metros da escola, e que viria-se tornar por alguns dias, o cinema de Jenipaúba.
A presença do menino Roberto trouxe uma esperança de que pelo menos alguém estava interessado naquilo. Obviamente, ele seguia seus pais, dona Ruth e seu Francisco, que estavam com a gente desde o início. A sensação de tirar as flores de seus lugares, enrolar as fitas de seus santos e cobrir o altar com aquele imenso telão branco me dava a sensação de estar invadindo a casa alheia. É difícil saber se somos bem-vindos...assim....nas primeiras horas.
A noite chegava e com ela alguns curiosos que nos olhavam da praçinha em frente, o quanto estavamos sujos e exaustos após subir, descer, cortar, amarrar e testar....Tudo pronto! Nossas expectativas para o dia seguinte eram grandes.
Já bem cedo, algumas crianças nos esperavamos nos arredores da igreja. Mas o momento mais emocionante foi ver uma legião de pequeninos entrando na sala já escura. Pareciam formiguinhas em fuga. A Lêlê precisou reiniciar o filme, e não demorou nada para começarmos a ouvir os risinhos tímidos que pouco a pouco foram se transformando em gargalhadas. O filme era a animação da Pixar, Wall-E, um robozinho que vivia em um planeta devastado, sem a presença de humanos.
Nunca conseguiria descrever o que senti ao ver tantas crianças (dos mais pequeninos aos adolescentes) envolvidas com aquelas imagem e aqueles sons. É difícil saber se desde os primeiros minutos a mensagem já havia sido captada pelos mais “crescidinhos”, ou se todos estavam mais tocados com os movimentos do robô. Enfim...talvez essa experiência seja absolutamente individual que não caiba a mim tentar decifrá-la.
O calor distraia alguns poucos pequeninos, que se incomodavam com um lugar todo fechado e escuro. Mas pude ver o que eles acharam quando os aplausos eclodiram em meio aos créditos. Foi uma manhã bastante movimentada...eram muitas crianças para poucos adultos...Mas tudo acabou bem. O momento derradeiro, claro, contou com as palavras sábias do professor Kalif, que já acostumado com aquela dispersão, foi falando de aspectos relevantes do filme, que em alguma medida, atingiam a comunidade de Jenipaúba da Laura. É não é que eles ouviram...os dias que se seguiram foram permeados por falas que se encontravam com valores pregados pela Educação Ambiental.
Durante o almoço, nossa dúvida era se os mais velhos (de 5ª a 8ª) nos receberiam com o mesmo entusiasmo. Estes mais resistentes, foram (não sei se a contragosto) assistir as sessões de todas as tardes e demoraram um pouco mais para se aproximarem de alguns de nós. Mas eu estava enganada, ao final da fala do Jorge, muitos estudantes se aproximaram para se inscrever na oficina da COM –VIDA.
A primeira vez que ouvi falar de COM-VIDA foi quando a Ana Carla me disse que eu saberia exatamente o sentido de tudo isso...Jenipaúba me trouxe isso...
Texto de impressões por: Deylane Baía
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